Tratamento da miastenia gravis: medicamentos e outras medidas
Se os sintomas da doença forem resistentes a estes tratamentos básicos ou se a situação for urgente (por exemplo, crise miasténica), pode recorrer-se à plasmaferese ou a imunoglobulinas intravenosas.
Quatro princípios do tratamento da MG:
1. tratamento sintomático
Os inibidores da acetilcolinesterase aumentam o nível de acetalcolina no disco neuromuscular, impedindo a sua degradação enzimática. Por exemplo, são utilizadas preparações como a neostigmina ou a piridostigmina.
O brometo de piridostigmina é melhor em termos de efeito porque tem uma duração mais longa.
Alguns doentes podem sentir perturbações gástricas e intestinais quando tratados com este medicamento, devido a uma intolerância ao brometo. Neste caso, o tratamento pode ser alterado para cloreto de ambenónio.
Os doentes com anticorpos anti-MuSK positivos reagem mal a estes medicamentos, pelo que são necessárias doses mais elevadas.
2. terapia imunossupressora
Estes fármacos suprimem os processos imunitários do organismo e estão indicados nos doentes que permanecem sintomáticos após o tratamento com piridostigmina.
Os glucocorticóides (prednisona, prednisolona e metilprednisolona) e a azatioprina são os imunossupressores de primeira linha utilizados no tratamento desta doença.
Os fármacos de segunda linha incluem a ciclosporina, o metotrexato, o micofenolato, a ciclofosfamida e o tacrolimus, que são utilizados se o doente não responder ao tratamento ou tiver contra-indicações para o tratamento, como a intolerância aos fármacos de primeira linha.
Recentemente, foram desenvolvidos vários anticorpos monoclonais, como o rituximab e o eculizumab, para o tratamento da MG resistente.
3. imunoglobulinas intravenosas (IVIG) e plasmaferese
As IVIG são medicamentos cujo principal ingrediente ativo são os anticorpos IgG, que ocupam os receptores aos quais os auto-anticorpos "nocivos" já não se conseguem ligar.
Assim, aliviam rapidamente os sintomas da doença, sobretudo na fase aguda, por exemplo numa crise miasténica.
A plasmaférese é um método terapêutico em que o plasma sanguíneo é separado das células sanguíneas e depois "purificado". O plasma contém auto-anticorpos, que são assim eliminados do organismo do doente de forma relativamente rápida e eficaz.
Numa plasmaférese, são filtrados cerca de 3 a 5 litros de plasma e são eliminados cerca de 70% dos auto-anticorpos.
Este tipo de tratamento é recomendado como preparação no período perioperatório para melhor estabilizar o doente antes da cirurgia.
É também um tratamento utilizado nas crises miasténicas súbitas, sobretudo em doentes resistentes aos imunossupressores.
4. timectomia
É um procedimento cirúrgico em que um timoma é retirado da cavidade torácica do paciente.
Está indicada nos casos em que existe uma associação comprovada entre a MG e o timoma, no caso de MG não timomatosa com anticorpos negativos para AChR, especialmente em doentes com idades compreendidas entre os 15 e os 50 anos, e no caso de MG seronegativa não timomatosa.
