Como é que a coxartrose é tratada? Medicação, exercício e após cirurgia da articulação
Porquê iniciar o tratamento da coxartrose o mais rapidamente possível?
O tratamento da artrose deve ser iniciado logo aos primeiros sinais e retardar ou parar o processo degenerativo na articulação. Se não for tratado e os sinais do corpo forem ignorados, o processo destrutivo na articulação da anca pode desenvolver-se de forma acelerada.
Para além da dor em si e da limitação de movimentos na articulação, podem desenvolver-se desequilíbrios musculares complexos no sistema músculo-esquelético de uma pessoa.
Em caso de dor, é típico o andar analgésico, ou seja, o andar que "poupa" a articulação danificada e coloca mais tensão na outra.
A sobrecarga prolongada da articulação da anca oposta pode provocar um desgaste rápido e artrose na outra articulação saudável.
O desalinhamento das costas e uma posição pélvica oblíqua estão presentes, o que, por sua vez, afecta a postura do tronco, dos ombros e da cabeça.
Após um certo período de tempo, é possível o aparecimento de dores musculares mesmo nas partes mais externas do corpo.

Tratamento da coxartrose
O tratamento da artrose da anca divide-se em conservador e cirúrgico.
O principal objetivo do tratamento da artrose é retardar o tratamento invasivo, nomeadamente a substituição artificial da anca, o que depende sempre dos sintomas objectivos e subjectivos do doente e do acordo com o médico.
Normalmente, aplica-se o tratamento conservador e, posteriormente, avaliam-se os resultados para determinar a conveniência e a necessidade de cirurgia. Se a dor do doente for avançada e aguda, recomenda-se de imediato a substituição da articulação (endoprótese).
Tratamento conservador
O tratamento conservador centra-se na eliminação da dor, no aumento da mobilidade articular, no fortalecimento dos músculos enfraquecidos, no relaxamento dos músculos sobrecarregados, no controlo do peso, na modificação da atividade física e no ensino de uma ergonomia adequada para o trabalho e para as actividades diárias normais.
Os principais representantes do tratamento farmacológico são os analgésicos, os anti-inflamatórios não esteróides e os agentes condroprotectores.
O tratamento baseia-se numa nutrição local eficaz da articulação sob a forma de ácido hialurónico, colagénio e outros agentes condroprotectores. O médico administra injecções indolores diretamente no interior da cápsula articular da articulação danificada.
O tratamento conservador consiste numa terapia passiva que utiliza os efeitos positivos da fisioterapia, como a eletroterapia, a fototerapia, os ultra-sons, a termoterapia ou a hidroterapia.
A escolha de um determinado tipo de terapia depende sempre do efeito desejado, que é geralmente analgésico (alívio da dor) e curativo (regenerativo).
A fisioterapia é parte integrante do tratamento da artrose, sendo a reabilitação prescrita pelo médico tanto a título preventivo como na fase pré e pós-operatória do tratamento.
A coxartrose é um dos diagnósticos ortopédicos mais comuns encontrados pelos fisioterapeutas em ambulatórios, hospitais e institutos de reabilitação.
Nas sessões conjuntas, o fisioterapeuta relaxa e mobiliza a anca, a articulação sacro-ilíaca e as articulações da coluna cervical do paciente. Através de técnicas suaves e manuais, influencia e elimina os espasmos musculares.
Pratica exercícios com o paciente, nomeadamente para reforçar e estabilizar os músculos dos glúteos e os músculos próximos da articulação da anca.
Coxartrose e exercício
O fisioterapeuta selecciona exercícios específicos em função do objetivo da terapia e do estado de saúde do paciente. Os exercícios variam na fase preventiva, na fase pré-operatória e na fase pós-operatória.
Após a cirurgia, o doente deve respeitar certos princípios e restrições de movimento (não cruzar as pernas, sentar-se pouco, carga elevada na articulação da anca, rotação excessiva, etc.).
O exercício mais utilizado é a ponte de glúteos, que serve para fortalecer os músculos glúteos.
O paciente deita-se com as costas e a cabeça sobre um colchão macio, com as pernas dobradas na altura dos joelhos, sem espaço entre o colchão e a coluna vertebral. As pernas são coladas ao colchão a todo o comprimento e os braços são colocados soltos ao lado do corpo. Observa-se uma respiração diafragmática e abdominal regular.
Com uma expiração, o paciente descola gradualmente as vértebras do colchão, vértebra a vértebra, e eleva a bacia até ao teto, contraindo e envolvendo os músculos glúteos.
O paciente permanece na posição mais elevada, inspira e expira várias vezes até às costelas, mas não permite a contração dos músculos glúteos.

Em seguida, com uma expiração, o paciente deita-se lenta e suavemente no tapete na posição inicial e relaxa os músculos glúteos. Para a segurança do exercício, o paciente pode colocar uma bola de ginástica macia ou uma almofada entre as coxas para evitar a adução excessiva e o cruzamento das pernas.
Uma variação deste exercício para fortalecer tanto os músculos glúteos como os abdutores da coxa (sem peso) consiste em utilizar a posição de ponte superior dos glúteos, em que os joelhos são simultaneamente afastados (rã) à medida que a região glútea se contrai.
É aconselhável praticar contra uma ligeira resistência (borracha de tecido resistente ou as mãos do terapeuta que resistem ligeiramente ao movimento do praticante).
Mais uma vez, as omoplatas permanecem coladas ao tapete durante todo o exercício. É dada atenção à respiração abdominal diafragmática (respiração para os lados das costelas inferiores).
Para tornar a terapia mais eficaz e evitar erros durante os exercícios, recomenda-se a consulta de um terapeuta, que preparará exercícios adaptados ao paciente, ao seu diagnóstico e ao objetivo da terapia.
Tratamento biológico
O tratamento biológico é o mais recente tipo de tratamento conservador, não sendo muito utilizado devido ao seu custo.
Consiste em retirar da gordura as células estaminais do próprio corpo, que são injectadas diretamente na articulação danificada e que têm a capacidade de reparar e regenerar as células e os tecidos do corpo.
Os doentes com artrite de grau I e II avaliaram subjetivamente, através de questionários, a melhoria do seu estado de saúde. Cerca de 65% dos doentes registaram uma redução da dor e uma certa melhoria da mobilidade da articulação danificada 6 meses após o procedimento.
O tratamento é mais eficaz e tem um efeito mais duradouro quanto mais for aplicado numa fase inferior da artrose.
Devido aos avanços no desenvolvimento e na medicina, acredita-se que a terapia biológica pode ser a forma mais eficaz de terapia da osteoartrite no futuro.
Substituição da anca
A endoprótese, uma substituição da anca, é indicada quando a condição não melhorou com o tratamento conservador, sendo frequentemente recomendada para graus mais elevados de artrite e dor intensa.
A razão mais comum para a substituição da anca é a coxartrose.
As endopróteses são feitas de titânio, cobalto ou crómio, materiais que têm uma longa vida útil. Existem dois tipos de substituição: parcial e total.
Na substituição parcial, a parte danificada da articulação é substituída; na substituição total, ambas as partes das superfícies articulares são substituídas.
Os tempos modernos oferecem uma grande variedade de implantes, o que permite aos médicos escolher um tipo de endoprótese adequado para cada tipo de deficiência.
Os implantes são divididos em
- cimentados
- não cimentados
- híbrido
Uma prótese cimentada com cimento ósseo tem uma superfície mais lisa e pode ser totalmente carregada logo após a cirurgia. A desvantagem é a eventual substituição, o que dificultaria o acesso do cirurgião.
Por isso, é utilizada principalmente em pacientes idosos e inactivos.
Uma prótese não cimentada, por outro lado, é rugosa na superfície e a sua ancoragem estável ocorre gradualmente. A desvantagem é a impossibilidade de carga total logo após a cirurgia.
No entanto, é uma opção cirúrgica fácil para uma possível substituição no futuro, sendo adequada para pacientes mais jovens e mais activos.
Nas substituições híbridas, cada componente ósseo é fixado individualmente de uma forma diferente.
Recuperação e complicações
Na maioria dos casos, a recuperação após a artroplastia da anca é fácil e indolor. Tanto o doente como o terapeuta tentam assegurar que a "nova" articulação possa ser totalmente utilizada o mais rapidamente possível após a cirurgia.
O doente pode sentir dores nos músculos que rodeiam a articulação da anca, no sentido de um desequilíbrio muscular, mas isto pode ser corrigido relativamente depressa com uma reabilitação adequada. O corpo e as estruturas circundantes da articulação habituam-se gradualmente à nova articulação.
As possíveis complicações estão associadas à anestesia geral e local, tal como em outros procedimentos cirúrgicos. As complicações locais são mínimas mas possíveis, podendo incluir deslocação pós-operatória da endoprótese, infeção ou perturbações neuromusculares da zona operada.
A reabilitação começa imediatamente no dia da cirurgia e é efectuada com a participação de fisioterapeutas, utilizando meios auxiliares de reabilitação como talas motoras, tapetes rolantes ou bolas de ginástica.
De pé, o doente é treinado a andar sobre duas bengalas francesas numa superfície plana. Uma vez dominada esta técnica, a distância é gradualmente aumentada e é ensinado a andar em escadas.
Durante as primeiras 6 semanas após a operação (das quais cerca de 2 semanas no hospital), decorre o processo de adaptação e de cicatrização da articulação operada. Durante este período, o doente não deve carregar totalmente o membro e deve andar com a ajuda de muletas.
Ao carregar lentamente o lado operado, o doente liberta-se das muletas. O doente faz exercício com o fisioterapeuta desde o dia da cirurgia no hospital e, posteriormente, durante as reuniões na clínica de reabilitação.
O resultado é um regresso pleno à vida.

